29 Setembro - 2022

OAB/MA incentiva o “Olhar ao outro” como ação preventiva de combate ao suicídio

Enxergar o outro na diversidade de suas experiências pode ajudar a prevenir o suicídio. Com essa temática, a OAB Maranhão, por meio de variadas Comissões, e em parceria com a ESA/MA e CAAMA, realizou a Roda de Conversa “Eu Vejo Você”.

O evento, que aconteceu ao longo da tarde da última quarta-feira, 28/09, encerrou as atividades relacionadas à Campanha do Setembro Amarelo e contou com uma série de palestras em prol da vida.

Em discurso, o presidente da Seccional, Kaio Saraiva, falou sobre a necessidade de acolher o outro, “em especial a advocacia, por meio do fortalecimento, apoio, amizade e carinho em uma sociedade imediatista. Que possamos dialogar cada vez mais, nos fortalecer psicologicamente para enfrentar o dia a dia”, afirmou.

As vice-presidentes da OAB/MA, Tatiana Costa, e da CAAMA, Alynna Almeida, deram boas-vindas aos participantes e palestrantes. Ambas falaram sobre a importância da ação. "É importante louvarmos à vida e mostrarmos que as redes de apoio e cuidado, assim como a acolhida individual, estão à disposição”, pontuou Tatiana Costa, que falou ainda sobre o trabalho em conjunto das Comissões organizadoras do evento.

Para Alynna Almeida, é importante acolher a advocacia, seus familiares e a sociedade em geral. “Vivenciamos um período muito difícil na pandemia. O índice de pessoas passando por depressão e buscando o suicídio é alarmante, por isso, é essencial conversar sobre o assunto e lembrar das redes de cuidados, como o serviço da Psicologia Viva na CAAMA”, afirmou.


Temáticas

Para uma plateia com mais de 50 pessoas, por meio de profissionais atuantes nas mais diversas áreas, foram debatidos os seguintes temas: “O papel da Família na Saúde Mental”, “A Influência da Tecnologia nas Relações entre Pais e Filhos Adolescentes” e “Fatores de Risco e Proteção ao Suicídio no Ambiente de Trabalho”. A Master Coach Integral Sistêmico pela FEBRACIS/MA, Lia Silva, encerrou com a palestra “Como Construir uma vida próspera e abundante”.

Na abertura da Roda de Conversa, os profissionais José Augusto Mochel, Psicólogo e Especialista em Saúde Mental e Psicanalista; Claudia Chaves, Consteladora Familiar e Mentora de Carreira; Maria Lilian Machado, Psicóloga Clínica e professora, falaram sobre o “O papel da Família na Saúde Mental”. A roda foi mediada pela Assistente Social da Defensoria Pública, Isabel de Fátima Lopizic.

“Essencial é estarmos em uma dinâmica familiar da maneira mais saudável possível. A Constelação permite isso através do desenvolvimento do autoconhecimento e da consciência para vivenciar, principalmente na terceira idade, uma saúde mental mais organizada”, explicou Claudia Chaves.

A psicóloga Maria Lilian Machado falou sobre a importância da experiência de vida do idoso para os dias atuais. Ela comentou ainda os tratamentos de saúde, ressaltando a dignidade da pessoa humana. “Essencial é termos a modernização no tratamento e estarmos atentos a algumas práticas que desrespeitam o ser humano”, afirmou.

A segunda temática do dia tratou sobre “A Influência da Tecnologia nas Relações entre Pais e Filhos Adolescentes”. Como mediadora, esteve a professora especialista em Direito e Processo Civil, Vanessa Araújo de Souza. Ela conduziu as apresentações dos profissionais João Diniz Neto, médico psiquiátrico da Infância e da Adolescência; Dyego Silva, advogado especialista em Direito e Segurança Digital; e Rayna Sotão, advogada consultora em Privacidade e Proteção de Dados.

Nessa Roda de Conversa, foi unânime o entendimento trazido pela advogada Rayna Sotão. "Há uma grande dificuldade de gerar empatia dentro dos lugares de fala dos pais, como imigrantes digitais, e dos filhos, que já são nativos digitais”. Os palestrantes defenderam a necessidade da família ser a base para o apoio, acolhida e solução dos problemas dos próprios filhos. “Ao não encontrar ajuda no grupo familiar, os jovens buscam grupos nos quais podem gerar ideias suicidas ao compartilhar suas dores”, afirmou a mediadora.

De acordo com João Diniz Neto, há a necessidade de cuidar e valorizar as ações simples do dia a dia. “A sociedade faz com que os jovens queiram ter felicidade, felicidade esta que pode estar associada ao materialismo, gerando assim uma pressão de como se vivencia a felicidade, demandando que eles tenham ou obtenham algo” afirmou.

A quarta roda de trabalho trouxe uma temática questionadora para o ambiente de trabalho e abordou os Fatores de Risco e Proteção ao Suicídio. Participaram das discussões, Lucas Cardozo, Bacharel em Direito e Segurança Pública e mestre em Ciências Criminais; Murilo Sodré, psicólogo da Estância Bela Vista; e Luara Matos, psicóloga do Instituto Casa e Cor. A mediação ficou por conta do Jardel Moreira, Doutorando em Direito Constitucional e professor universitário.

Lucas Cardozo enfatizou a atual situação dos policiais militares em âmbito nacional e estadual. Já o psicólogo Murilo Sodré trouxe as causas que tiram a tranquilidade, a paz e mergulham o funcionário em medos, ansiedade e depressão. Além do contexto enfrentado pelo policial (extrema violência, risco à própria vida, acidentes e mortes), os profissionais enfrentam assédio moral, assédio sexual, carga excessiva de trabalho, pressão das metas e a constante ameaça de perder o emprego. “É preciso respeitar, acolher o outro e desenvolver uma cultura de acolhimento dentro da sociedade” alertou.

Luara Matos abordou a questão da violência no trabalho pelo olhar do racismo estrutural, contexto vivenciando pela população negra, que enfrentou e enfrenta até hoje a negação dos cuidados em várias esferas. “Somos seres ecoespirituais e biopsicossociais. Precisamos compreender isso. É necessário começarmos a funcionar em uma perspectiva de coletividade para reduzir danos à vida pessoal e profissional”, afirmou.

As discussões de “Eu vejo você” foram encerradas com provocações por meio da palestra “Como construir uma vida próspera e abundante”, ministrada pela master coach Integral Sistêmico pela FEBRACIS, Lia Silva. “A emoção anda de mão dada com a crença, é preciso reeducar, condicionar e pensar de forma positiva”, finalizou Silva.

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