OAB Maranhão concederá título de advogado a Luiz Gama
A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Maranhão (OAB/MA), por meio da Comissão da Verdade da Escravidão Negra do Brasil, reconhecerá Luiz Gonzaga de Pinto Gama, com a emissão de uma Certidão de OAB Suplementar da OAB Maranhão, como advogado maranhense. A homenagem será prestada durante a realização da peça “LUIZ GAMA: uma voz pela liberdade”, que será apresentada no teatro Arthur Azevedo, nos dias 16, 17, e 18 de agosto.
A decisão foi tomada durante reunião, na tarde de hoje, 15/08, da diretoria da OAB Maranhão com o ator Deo Garcez, que representa Luiz Gama na peça, e com o presidente da Comissão da Verdade da Escravidão Negra do Brasil, Erik Moraes. “Eu fico muito emocionado e feliz com essa atitude. O que a OAB Maranhão fará ao Luiz Gama é algo muito digno e louvável. Esse reconhecimento se dá pelos seus relevantes serviços prestados junto aos tribunais na libertação dos escravos”, destacou o protagonista da peça, Deo Garcês.
“É uma homenagem justa a quem tanto lutou pela liberdade, igualdade e respeito. Faremos o reconhecimento com a entrega de um número simbólico da OAB Maranhão durante a realização da peça ao personagem do Luiz Gama, no próximo dia 18”, destacou o presidente da OAB Maranhão, Thiago Diaz.
Para o presidente da Comissão da Verdade da Escravidão Negra do Brasil, Erik Moraes, essa homenagem é muito importante para o movimento negro. “A importância dessa homenagem refletirá não só na OAB Maranhão, mas em todo o movimento negro brasileiro, pois representa uma reparação histórica e o reconhecimento da sua atuação jurídica, mesmo sendo proibido de se graduar”, afirmou.
Em 2015, o Conselho Federal e a OAB São Paulo, após 133 anos de espera, reconheceram Luiz Gama, como advogado.
Participaram da reunião pela diretoria da OAB Maranhão, além do presidente Thiago Diaz, a secretária geral, Ananda Farias, a Secretária Geral Adjunta, Valéria Regino e o diretor tesoureiro, Kaio Saraiva.
Sobre Luiz Gama
O baiano Luiz Gama nasceu em 1830, filho de um português com Luiza Mahin, negra livre que participou de insurreições de escravos. Gama foi para o Rio de Janeiro aos 10 anos após ser vendido pelo pai para pagar uma dívida. Sete anos depois, ele conseguiu a libertação e se transformou em um dos maiores líderes abolicionistas. Em 1869, ao lado de Rui Barbosa, fundou o jornal Radical Paulistano.
Em 1850, Gama tentou frequentar o curso da Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, hoje da Universidade de São Paulo (USP), mas foi impedido por ser negro. Ele frequentou as aulas como ouvinte e o conhecimento adquirido permitiu que ele atuasse na defesa jurídica de negros escravos.
Sobre a peça
A peça “LUIZ GAMA: uma voz pela liberdade” relata a história de um advogado negro que viveu entre 1830 e 1882, sofrendo todas as mazelas de uma época em que a cor era sinônimo de servidão. Mesmo nascido livre, pois seu pai era branco e sua mãe escrava alforriada, foi vendido como escravo, aos 10 anos, pelo próprio pai para pagar uma dívida de jogo. Ele mudou seu destino aprendendo a ler, escrever e, já na condição de advogado, mesmo sem ter o diploma, atuou em defesa dos negros, libertando mais de 500 escravos. Vítima de exclusão histórica, Luiz Gama recebeu em 3 de novembro de 2015, após 133 anos de sua morte, o título de Advogado da OAB.
O espetáculo está em cartaz nos dias 16, 17 e 18 de agosto de 2019, sexta e sábado às 20h e domingo às 19h, no Teatro Arthur Azevedo, Rua do Sol, s/n - Centro São Luís – MA. Os ingressos custam R$ 40,00 inteira, R$ 20,00 meia-entrada. Advogados e advogadas pagam R$ 30,00.
