04/05/2020

Por quem os Sinos Dobram?

Autor: João Batista Ericeira é sócio majoritário de João Batista Ericeira Advogados Associados

Dia 1º de maio passado realizamos uma Live patrocinada pela ESA da OAB sobre os impactos da pandemia na educação. Comoveu-me o testemunho de advogadas e professoras sobre os procedimentos adotados em suas casas para a superação do isolamento social. Algumas digressões fizeram-me crer que a covid-19 poderá ser a oportunidade para sairmos melhores como seres humanos desta crise, a mais grave e severa dos últimos cem anos.

No início do século XX, Oswaldo Cruz, para combater o surto de febre amarela e varíola, submeteu a população do Rio ao isolamento e a vacina compulsória. Enfrentou a ignorância dos que a pretexto de argumentos políticos, queriam aproveitar-se da situação para derrubar o governo do Presidente Rodrigues Alves e seu prefeito Pereira Passos. Ora valiam-se de teses do positivismo filosófico ou do liberalismo político. Tudo para atingir os objetivos de conquista do poder.

A História às vezes parece repetir-se. Trava-se a batalha do obscurantismo contra o conhecimento científico. Não faz muito tempo começaram os movimentos antivacina, agora, dá-se o oposto, os olhos da humanidade se voltam para a comunidade científica e a possibilidade de em tempo razoável encontrar-se a vacina que possa imunizar a população do vírus.

A ciência exige a colaboração entre os seus profissionais de todos os povos, independentemente de cultura, posição política ou ideologia. É a luta da vida contra a morte. Novamente, como em 1918, na “gripe espanhola”, as pessoas morrem como moscas. Lembrei-me daquela frase de Ernest Hemingway a propósito da morte de um ser humano: não pergunteis por quem os sinos dobram? Cada vez que morre um ser humano, toda a humanidade morre. Quantas famílias não choram a perda de entes queridos nesta terrível pandemia.

Talvez seja a pandemia a ocasião para reativar os nossos laços de solidariedade. De entendimento, que nos poderão fazer melhores como seres humanos. Não é momento para ativar sentimentos de cobiça, de luta política, de agressão, de busca de bodes expiatórios como se fazia antigamente. Há responsabilidade global pelas mudanças climáticas e pela falta de recursos hídricos. Apontar chineses ou norte-americanos como responsáveis em nada contribuirá para o essencial: a busca de um novo pacto pela humanidade, fazendo-a mais pacífica e solidária.

Os epidemiologistas e profissionais da saúde, a quem tanto devemos, estão manuseando os dados, estudando os modelos. O trabalho científico se faz de muitas experimentações até chegar ao resultado desejável. Nessa tarefa, convém reconhecer os limites do nosso conhecimento, sem nunca perder a fé em Deus, de onde viemos e para onde voltaremos.

A covid-19, neste cenário de globalização afetou profundamente a saúde pública e a economia mundiais. Na educação, segundo a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Ciência e Cultura), 1,5 bilhão de crianças, jovens e adolescentes estão fora da escola. Trata-se de prejuízo geracional.

Mais uma vez comoveu-me os esforços das professoras em oferecer sugestões para a redução de danos, não apenas com as medidas de educação remota adotadas. Mas também com planos para o retorno das aulas nas escolas. Deve-se, por oportuno, reconhecer as louváveis iniciativas do governador Flavio Dino e do Secretário Felipe Camarão, do Secretário Lula, para a superação dos problemas suscitados pela crise.

Ficamos à disposição do Conselho Estadual de Educação para ajudá-lo no que preciso for para a retomada e cumprimento do Calendário Escolar, com providências concretas tomadas no presente de olhos postos no futuro.

Uma das participantes relatou o caso de um aluno que cometeu suicídio às vésperas de apresentar o trabalho de conclusão de concurso. De tudo restou a certeza: a educação não se volta somente para conteúdos profissionais, mas, sobretudo, para a preparação de uma existência feliz.

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